Na maré da mudança, quem puxa o remo é a comunidade. Na terceira edição do Recife das Pinaúnas – Movimento Replantio, é o povo quilombola do Passé, em Candeias (BA), que está replantando o futuro — literalmente.
Com o plantio de 600 novas mudas de mangue vermelho até dezembro e a mobilização de 100 estudantes de duas escolas públicas da região, o projeto transforma um dos ecossistemas mais ameaçados do país em sala de aula, campo de ação e espaço de protagonismo juvenil.
No Projeto, os alunos não aprendem só sobre o mangue. Eles cuidam dele.
Enquanto os estudantes do 5º ano mergulham nas práticas de educação ambiental, os do 9º assumem o papel de monitores, virando referência dentro e fora da escola. Um passo firme para formar multiplicadores reais, capazes de sustentar o cuidado com o território no longo prazo.
“Queremos que cada criança e jovem se reconheça como parte da regeneração ambiental”, diz Deusdélia Andrade, educadora ambiental e coordenadora do projeto.
A iniciativa, que conta com parceria da Acelen, já sensibilizou mais de 250 pessoas em edições anteriores, removeu 1.170 quilos de resíduos de manguezais e plantou 1.450 mudas em São Francisco do Conde e Madre de Deus. Agora, chega à comunidade do Passé com uma abordagem que une prática, pertencimento e ação direta.
O projeto foca em três frentes fundamentais:
- Formação de estudantes como protagonistas ambientais
- Regeneração prática dos manguezais com plantio ativo
- Reforço do vínculo entre território e futuro coletivo
Ele se alinha a três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU:
- ODS 4 – Educação de Qualidade, com aprendizagem ativa e territorializada.
- ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima, com plantio que captura carbono.
- ODS 14 – Vida na Água, ao proteger berçários marinhos que sustentam milhares de espécies.
O manguezal, muitas vezes visto como espaço marginal ou “lugar de lixo”, é tratado como estrutura viva de proteção ambiental, social e econômica.
A atuação do Recife das Pinaúnas na comunidade do Passé evidencia um modelo de restauração ambiental baseado em protagonismo local e educação prática. Com foco na formação de jovens e no engajamento direto da população, o projeto demonstra que iniciativas territorializadas podem combinar impacto ecológico e social de forma concreta e replicável.
Fotos: Dakorô