Conheça o papel da Baía de Todos-os-Santos na Independência do Brasil através de Maria Felipa

Neste 2 de Julho, quando a Bahia celebra a sua independência, vale lembrar que o grito de liberdade que ecoou em Salvador teve início bem antes — e por mar. Poucos conhecem com detalhes o papel crucial que a Ilha de Itaparica, localizada na Baía de Todos-os-Santos, desempenhou nesse processo. E ainda menos sabem quem foi Maria Felipa de Oliveira, uma das protagonistas dessa história, que ajudou a virar o rumo do Brasil com ações firmes e decisivas na costa da Bahia.

A Bahia e o verdadeiro desfecho da Independência

A Independência do Brasil foi proclamada em 7 de setembro de 1822, mas, ao contrário do que muitos aprendem na escola, ela não foi imediata nem pacífica. Em Salvador, tropas portuguesas continuaram no controle da cidade por muitos meses, numa tentativa de manter a colônia sob domínio luso. A resistência baiana se organizou de forma descentralizada, com participação ativa de civis, líderes locais e militares.

É nesse cenário que se destaca a Ilha de Itaparica, uma das maiores da América Latina, com posição estratégica para o controle marítimo da Baía de Todos-os-Santos. Sua localização permitia bloquear suprimentos às tropas portuguesas e monitorar movimentos no mar. Foi também em Itaparica que parte da população se mobilizou de forma ousada para proteger o território e garantir sua adesão ao projeto de independência.

Quem foi Maria Felipa de Oliveira?

Maria Felipa foi uma moradora da Ilha de Itaparica que entrou para a história pela sua atuação prática e corajosa nas batalhas de resistência contra os portugueses. Liderando um grupo de homens e mulheres da região, ela participou de ações diretas para impedir que navios inimigos aportassem na ilha e reforçassem as tropas que ainda ocupavam Salvador.

Em um dos episódios mais marcantes, Maria Felipa coordenou o incêndio de embarcações portuguesas ancoradas nas proximidades da ilha. A operação, além de bem-sucedida, teve um grande impacto simbólico: mostrou que a resistência baiana era organizada, determinada e capaz de minar a presença portuguesa pelas vias marítimas. Sua ação ajudou a enfraquecer a logística inimiga e contribuiu diretamente para os desfechos que culminaram na vitória brasileira em 2 de Julho de 1823.

A Baía de Todos-os-Santos como palco da Independência

A Baía de Todos-os-Santos, maior baía tropical do mundo, foi muito mais que cenário: foi via de comunicação, defesa e combate. Suas ilhas e enseadas funcionaram como postos de observação e resistência. Itaparica, por sua dimensão, localização e estrutura, destacou-se como ponto central dessa engrenagem.

Enquanto as tropas brasileiras, sob o comando do general Labatut e do coronel Pedro Labatut, planejavam o cerco final a Salvador, Itaparica mantinha-se firme como um território já livre, oferecendo apoio logístico e humano à campanha pela libertação definitiva.

Por que Maria Felipa continua tão relevante hoje?

Ao longo do século XX, a história oficial destacou nomes como Maria Quitéria e Joana Angélica — também fundamentais — mas demorou a reconhecer publicamente o papel de Maria Felipa. Hoje, esse cenário vem mudando. A heroína de Itaparica é tema de livros, estudos acadêmicos, homenagens e eventos que celebram seu legado.

Mais do que uma personagem regional, Maria Felipa representa a força de uma região que resistiu por mar, antecipou a libertação e contribuiu diretamente para consolidar a Independência do Brasil. Sua atuação reforça a importância de valorizar as muitas frentes que participaram desse processo — inclusive fora dos grandes centros políticos e militares.

Itaparica: da resistência à regeneração

Hoje, a Ilha de Itaparica vive um novo momento. Projetos turísticos de alto padrão como o Village Itaparica, e de requalificação urbana vêm resgatando sua importância histórica, ambiental e cultural. Para quem visita a ilha, além das praias tranquilas e da natureza exuberante, há uma memória viva que percorre ruas de paralelepípedos, casarões antigos e lendas que ecoam nos ventos da baía.

Lembrar de Maria Felipa, neste 2 de Julho, é também reconhecer que a Baía de Todos-os-Santos foi um dos berços da soberania brasileira — e que a Ilha de Itaparica foi muito mais do que coadjuvante: foi protagonista de um capítulo fundamental da nossa história.

Total
0
Shares
<<
Turismo de observação de baleias cresce em Salvador
O papo continua
Total
0
Share