Um mergulho que parece desafiar os limites do corpo humano. No último sábado (27 de setembro de 2025), o russo Alexey Molchanov voltou a escrever seu nome na história da apneia mundial ao alcançar a impressionante marca de 126 metros de profundidade sem auxílio de equipamentos de respiração, durante o 35º Campeonato Mundial de Apneia AIDA, em Limassol, no Chipre.
Com apenas um par de nadadeiras, uma lanterna na cabeça e a corda de guia, Molchanov desceu ao fundo do Mediterrâneo em uma das modalidades mais exigentes e técnicas do esporte: o Constant Weight com bi-fins (CWTB). O detalhe mais assombroso: para bater o recorde, precisou prender a respiração por exatos 4 minutos e 32 segundos.
O mergulhador que respira silêncio
Molchanov não é apenas um atleta; ele é praticamente uma lenda viva da apneia. Filho da icônica mergulhadora Natalia Molchanova, que revolucionou a modalidade nos anos 2000, Alexey transformou o legado da mãe em feitos que beiram o impossível. Com esta nova marca, ele soma 40 recordes mundiais e mantém um domínio quase absoluto em competições internacionais.
“Cada mergulho é um encontro com o silêncio absoluto, onde tudo que existe é o som da sua própria mente”, declarou em entrevistas recentes. Para muitos, esse é o fascínio da apneia: um esporte que não depende apenas de pulmões treinados, mas sobretudo de disciplina mental e autoconfiança diante da pressão esmagadora das profundezas.
O corpo humano no limite
A 126 metros de profundidade, o corpo enfrenta uma pressão 13 vezes maior do que na superfície. O peito comprime, os batimentos cardíacos diminuem drasticamente e cada segundo se torna um teste de resistência física e psicológica. Para suportar isso, Molchanov segue um preparo que combina ciência, meditação, yoga e treinos específicos de respiração.
Além do aspecto físico, o controle emocional é vital: qualquer traço de ansiedade pode significar a diferença entre um recorde e um acidente. Não à toa, a modalidade é considerada uma das mais arriscadas do esporte mundial — mesmo com equipes de segurança prontas para agir a cada descida.
O mergulho que transcende números
Se os 126 metros já impressionam por si, o que realmente fascina é o simbolismo do feito. Molchanov transforma cada recorde em uma narrativa sobre os limites da condição humana: até onde é possível ir quando o ar falta, quando o tempo se dilata e a mente precisa encontrar calma dentro do impossível?
Com esse mergulho, o russo não apenas superou a si mesmo — quebrando seu próprio recorde anterior de 125 metros — como também reafirmou que a apneia é uma arte de flertar com o abismo e retornar à superfície trazendo, junto com o oxigênio, a prova de que os limites podem ser atravessados.