O navegador baiano Aleixo Belov, de 82 anos, acaba de escrever mais um capítulo na história da navegação mundial. No último dia 1º de setembro, ele e sua tripulação internacional concluíram a desafiadora travessia da Passagem Nordeste, rota que liga o Atlântico ao Pacífico através do Ártico Siberiano — considerada uma das mais complexas e restritas do planeta.
A bordo do veleiro-escola Fraternidade, Belov percorreu um roteiro de 142 dias desde a partida em Salvador, em 12 de abril, até o cruzamento do Estreito de Bering e a chegada ao Oceano Pacífico. O feito torna o Fraternidade o primeiro veleiro das Américas a completar essa rota, historicamente acessível apenas em curtos períodos de degelo.
“Esse foi o maior desafio da minha vida. Tivemos que vencer o gelo, as intempéries e também lidar com a burocracia da região. Mas conseguimos”, declarou Belov, emocionado, após o anúncio da conquista.
Condições extremas no Ártico
A tripulação enfrentou temperaturas negativas, ventos intensos e janelas curtas de navegação, em um ambiente hostil que exige planejamento preciso. A missão contou com o apoio fundamental do capitão russo Sergei Shcherbakov e outros dez tripulantes, responsáveis pela logística e adaptação às zonas militarmente controladas da Rússia.
Um legado de cinco voltas ao mundo
Com mais de cinco voltas ao mundo registradas em sua carreira, Aleixo Belov reafirma sua posição como referência incontornável na navegação contemporânea. A travessia da Passagem Nordeste amplia o alcance de seu projeto educativo com o Fraternidade, que leva estudantes e novos navegadores a vivências transformadoras em alto-mar.
A conquista, inédita para as Américas, projeta o nome de Belov não apenas como um aventureiro incansável, mas como um símbolo de resiliência e inspiração. Aos 82 anos, ele prova que coragem, preparo e visão são bússolas capazes de atravessar até os limites do Ártico.
