O navegador baiano Aleixo Belov, de 82 anos, chegou ao porto de Murmansk, na Sibéria, após enfrentar sérios imprevistos durante sua ousada travessia pela Rota Marítima do Norte a bordo do Veleiro Escola Fraternidade. A expedição, que celebra os 20 anos do BRICS, passou por momentos críticos que agora colocam em dúvida a continuidade do trajeto original.
Reconhecido mundialmente como referência na navegação à vela e exemplo de perseverança, Belov relatou que, ao se aproximar do Círculo Polar Ártico, diversos equipamentos essenciais de bordo apresentaram falhas simultâneas. “O GPS não funcionou, o piloto automático parou, não indicava o ângulo de leme, nem nada”, revelou o navegador em mensagem enviada aos amigos. Diante do caos tecnológico, o veterano foi obrigado a recorrer à navegação estimada para alcançar o porto russo em segurança.
Outro desafio severo foi a falha da bússola, afetada pela proximidade com o Polo Norte. Apesar das adversidades, a embarcação brasileira conseguiu atracar, reforçando a experiência e resiliência do comandante e de sua tripulação, formada por brasileiros e russos, incluindo o capitão Serguei Shcherbakov, especialista em navegação polar.
Agora, diante dos contratempos e do agravamento do cenário geopolítico na região, Belov avalia a possibilidade de alterar o plano inicial de atravessar o norte da Sibéria até o Oceano Pacífico. “Do jeito que está, talvez não dê para fazer a travessia”, afirmou. Novos destinos, como a Noruega, as Ilhas Faroé ou a Islândia, estão sendo considerados como alternativas.
Ainda assim, o espírito aventureiro permanece intacto. “Vamos conhecer a Sibéria a partir daqui e talvez mudemos o roteiro”, declarou Belov, sem descartar a possibilidade de retomar o plano original caso as condições melhorem.