III Ultramaratour Itaparica–Mutá desafia ventos fortes e consagra Samir Barel e Bruna Amorim

A manhã de domingo (5) começou com mar mexido e nuvens carregadas sobre a Baía de Todos-os-Santos. Mesmo assim, 66 atletas alinharam suas braçadas para um desafio que poucos encaram com serenidade: atravessar os 16 km que separam a orla de Itaparica da praia de Mutá, em Jaguaripe. A III Ultramaratour Itaparica–Mutá, organizada pela Ambiance Esporte, consolidou-se como uma das provas mais exigentes — e mais simbólicas — do calendário de ultramaratonas aquáticas do país.

Os grandes campeões foram o paulista Samir Barel, com o tempo de 3h47’30, e a brasiliense Bruna Amorim, que finalizou o percurso em 4h31’45. Entre os homens, Ricardo Rocha (3h54) e Fábio Melo (3h57) completaram o pódio, seguidos por Euvaldo Júnior (4h05’57) e Márcio Renan (4h08’34), ambos de Salvador. No feminino, Alessandra Melo, conhecida como Leca, chegou apenas cinquenta segundos atrás da campeã, com 4h32’35, seguida por Pauline Ribeiro (4h49’11)Girlene França (5h04’22) e Lívia Vaz (5h04’25).

As condições do tempo tornaram a travessia especialmente dura. Ventos contrários e momentos de chuva intensa exigiram estratégia, calma e uma leitura fina do mar. A cada chegada, os atletas eram recebidos com aplausos e gritos vindos da areia — um público formado por moradores de Mutá, familiares e curiosos que transformaram o final da prova em uma pequena festa.

“Sem dúvidas, essa foi a edição mais difícil até agora. O vento forte complicou bastante, mas é isso que faz o evento ser especial: o encontro entre o esporte, a natureza e as pessoas”, disse Bruno Riella, diretor da Ambiance Esporte e idealizador da Ultramaratour.

A travessia também revelou histórias que dão outro sentido à competição. A equipe mirim da Ambiance, formada por Malu, Enzo, Sofia e Augusto, de apenas 13 a 15 anos, conquistou o segundo lugar na prova de revezamento misto. Os pais acompanharam a disputa de barco e comemoraram cada chegada como se fosse título. No outro extremo da faixa etária, a nadadora Desirée Dalia, uma das mais experientes do grupo, completou os 16 km em 5h09’38, provando que a resistência tem muitas idades.

Mas foi a chegada de Maria Elizabeth Sicuro, 67 anos, que arrancou lágrimas e aplausos do público. Última a completar o percurso, a catarinense foi amparada pelos salva-vidas e recebida de pé pela plateia. A cena sintetizou o espírito da prova: o mar é o mesmo para todos, e cada travessia é uma vitória particular.

Além da beleza natural, o evento reforça o papel da Baía de Todos-os-Santos como cenário de esportes de resistência e turismo esportivo. Com o apoio das Prefeituras de Itaparica e JaguaripePoweradeHammerheadJornal A TARDEVillage Itaparica, a Ultramaratour cresce a cada edição — não apenas em número de participantes, mas em significado.

Entre ventos, correntezas e celebrações, a edição de 2025 deixou clara uma certeza: o mar da Baía continua sendo palco para quem entende que nadar também é uma forma de se encontrar.

Fotos: Tríade Imagens

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