Metais do desastre de Mariana atingem baleias no litoral

Pesquisadores identificaram pela primeira vez a presença de metais tóxicos resultantes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em diversos níveis da cadeia alimentar marinha ao longo da foz do Rio Doce e nas costas do Espírito Santo e Sul da Bahia. Após 9 anos, o impacto foi registrado em peixes, aves, tartarugas, toninhas e baleias.

O 5º relatório anual do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA), acessado pelo G1, revela que metais como ferro, níquel, arsênio e cádmio foram encontrados em amostras de organismos marinhos, desde fitoplânctons até grandes cetáceos. O estudo destaca que a contaminação começou na base da cadeia alimentar e se deslocou para animais maiores, resultando em casos de deformidades e tumores.

Os pesquisadores observaram uma tendência de melhora na qualidade da água e sedimentos, mas destacam que a acumulação de metais em organismos superiores, como aves e cetáceos, continua sendo uma preocupação significativa. Frederico Drummond Martins, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), afirmou que o relatório confirma a continuidade dos impactos do desastre.

“A boa notícia, se é que a gente pode dizer assim, é que, no caso de água e sedimentos, as tendências de qualidade parecem que tendem a melhorar. Elas vinham numa crescente de piora e parece que estão invertendo isso discretamente. A má notícia é a acumulação de metais, principalmente nos organismos superiores, como em aves. O dado de contaminação de aves neste último relatório é bem grave, chama a atenção. Então, parece que está havendo aí uma bioacumulação e uma biomagnificação de metais, passando dos organismos da base da cadeia alimentar para os superiores”, pontuou.

A Fundação Renova, responsável pelas ações de reparação, recomenda a interpretação cautelosa dos dados e a integração com outros estudos. A Samarco, por sua vez, afirmou que suas operações, retomadas em dezembro de 2020, não utilizam mais barragens de rejeitos. A Vale e a BHP indicaram que a Fundação Renova deve ser consultada sobre reparações. 

O Ministério da Saúde e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) estão envolvidos em esforços de monitoramento e ações de recuperação, com foco na saúde pública e na conservação da biodiversidade. A Anvisa mantém a proibição da pesca na região afetada desde 2016.

Os dados completos do relatório estão disponíveis no portal Monitoramento Rio Doce, desenvolvido em parceria com órgãos ambientais e de gestão de recursos hídricos.

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