Na Ilha de Itaparica, Bahia, o lixo orgânico não é problema — é solução. Esqueça os 120 dias que a compostagem comum exige. Um novo método desenvolvido pela química Zenis Novaes, professora da UFBA, transforma restos de comida (crus e cozidos) em fertilizante pronto para uso em apenas 15 dias. Rápido, limpo e sem gerar metano ou chorume.
A tecnologia vem sendo aplicada no Centro de Sustentabilidade do Village Itaparica, um projeto que não se contenta em parecer sustentável: ele entrega. Com coletas duas vezes ao dia no restaurante local, o sistema garante fluxo constante e eficiente. Resultado: resíduos que virariam problema viram adubo — sem drama, sem desperdício, sem espaço enorme para instalação.
“O bioacelerador que criamos acelera a degradação orgânica de forma segura e controlada”, explica Zenis Novaes. É ciência baiana resolvendo, não prometendo. Ao eliminar etapas lentas e perigosas da compostagem tradicional, o modelo corta uma das principais fontes de emissão de gases poluentes em aterros: o metano.
Mas a inovação não para no composto. O Village Itaparica aposta alto na lógica do reaproveitamento total. Reciclagem de PET, papelão, alumínio e até ressignificação de plásticos — tudo entra no ciclo. Como diz Adriana Muniz, gerente de ASG do empreendimento, “estamos transformando o descarte em valor, em aprendizado e em autonomia”.
Mais do que cumprir tabela ambiental, o projeto desenha uma nova régua de impacto: educação ambiental na prática, economia circular com resultado mensurável e um sistema escalável, capaz de ser replicado em hotéis, restaurantes, condomínios, escolas — em qualquer lugar onde haja resíduo orgânico e vontade de fazer diferente.
A lógica é simples: reduzir o lixo e ampliar a vida. E a compostagem é ferramenta para isso — não uma obrigação protocolar, mas uma ação do Village Itaparica com retorno ambiental, social e até econômico, realizando uma transformação real.
Fotos: Afonso Santana