A Ilha de Itaparica, considerada a maior ilha marítima do Brasil, localizada na Baía de Todos os Santos, se tornou o cenário perfeito para a execução do projeto Recife das Pinaúnas, idealizado pela técnica ambiental e estudante de biologia, Deusdélia Andrade. O projeto foi escrito em 2019, mas só começou a ser executado em 2022 quando uma empresa local se interessou pela proposta.
‘’Eu ofereci desenvolver o projeto de forma voluntária e a ideia foi aprovada e então comecei a executar com as crianças, trabalhando com os 4 principais ecossistemas: recife de coral, manguezais, restinga e praia’’, contou.
Desde então algumas escolas públicas da Ilha já receberam o projeto que atende também crianças de escolas particulares. As turmas do 5º ano do ensino fundamental são o principal público alvo e todo o desenvolvimento é feito com aulas teóricas e práticas, incluindo assuntos como ecossistemas e suas conexões com elementos que podem ser coletados dentro da própria ilha, e a prática com a limpeza das praias que conta com o apoio da própria comunidade.
‘’A maioria da equipe é composta por pessoas da comunidade, todos moram aqui na Ilha. Alguns são pescadores que fizeram cursos de resgatistas e se interessaram pelo projeto, e isso é bem legal porque as crianças se identificam demais com eles’’, disse
Por turma são atendidas aproximadamente 30 crianças, e a base principal do projeto é formada por cinco pessoas. As aulas práticas nas praias costumam atrair pequenos olhares curiosos de outras crianças que começam a se interessar pelo projeto, mesmo que não pertença a escola contemplada por ele naquele momento, o que não é impedimento para colocar a mão na massa.
‘’Nas aulas práticas quando estamos coletando resíduos sólidos, se alguém quiser participar, não tem problema. Sempre surgem filhos de conhecidos, de pessoas que trabalham por aqui que pedem para participar das atividades terrenas. Já nas atividades marinhas, muitos mergulhadores também surgem para nos dar apoio’’, explicou.
Embora tenha sido idealizado para crianças, os adultos também são enriquecidos com conhecimentos que muitas vezes eram desconhecidos. Deusdélia contou que alguns educadores que costumam acompanhar o projeto já se viram encantados com as aulas.
‘’O projeto atinge tanto a criança como o adulto. As professoras que acompanham a gente costumam ficar alucinadas, encantadas. Estamos levando conhecimento também para o corpo da escola, é um programa bem rico’’, enfatizou.
A equipe responsável por fazer toda a pesquisa científica que dão origem tanto a construção das aulas como ao resultado delas, é composta por pessoas da própria comunidade que foram capacitadas para realizar a coleta e trabalham de forma totalmente voluntária.
‘’A gente exerce a ciência cidadã que é feita por pessoas da própria comunidade que foram capacitadas para coletar esses dados, que são validados por uma coordenação aqui do Brasil. Ainda não consegui apoio financeiro para a parte da pesquisa que está sendo voluntária, e mesmo com alguns déficits a equipe é totalmente capacitada e profisional’’, contou.
Além das ações dentro das escolas, o projeto também pode ser desenvolvido em comunidades e associações realizando ações mais pontuais em praias e mangues que contem com o apoio da comunidade local, permitindo a participação ativa dos moradores da Ilha que queiram aprender mais sobre o meio ambiente, em qualquer idade.