Cientistas brasileiros produzem coral de proveta para preservação dos recifes

Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Rede de Pesquisas do Instituto Coral Vivo alcançaram neste ano um marco significativo na ciência marinha ao gerar o primeiro coral de proveta do país, resultado de quatro anos de intensos estudos e experimentos. Esta conquista representa um avanço promissor na luta contra a degradação dos recifes de corais, essenciais para a biodiversidade oceânica e a saúde dos ecossistemas marinhos.

A equipe de cientistas, composta por biólogos marinhos e especialistas em biotecnologia, utilizou técnicas avançadas de fertilização in vitro para cultivar os corais em reprodução assistida da espécie endêmica da costa brasileira, a Mussismilia harttii ou coral-couve-flor. A técnica utilizada permite que os gametas desses corais que são mantidos a -196°C em nitrogênio líquido, sejam armazenados por tempo indeterminado. Nesse período os cientistas conseguem criar um banco de sêmen de corais e fazer a inseminação artificial. 

No processo, os pesquisadores colocaram os óvulos e o sêmen descongelados em uma proveta para que a fertilização acontecesse e um embrião fosse formado. Depois disso a proveta seguiu para um aquário de vidro e três horas mais tarde já era possível observar o óvulo em processo de divisão celular.  

Dentro desses aquários foram fixados pequenos pedaços de azulejos que foram submergidos por 2 meses para criar uma cama de microfilme, onde os óvulos foram depositados e permaneceram por uma semana.

O sucesso do projeto pode abrir caminho para a recuperação de recifes degradados e a preservação de espécies ameaçadas.

“Depois de quatro anos de dedicação e pesquisa, estamos entusiasmados com os resultados. Esta é uma vitória não apenas para a ciência brasileira, mas também para a conservação global dos recifes de corais”, disse a líder do projeto, Dra. Ana Paula Soares.

A inovação brasileira ocorre em um momento crítico para os recifes de corais em todo o mundo, especialmente para a Grande Barreira de Coral na Austrália, o maior sistema de recifes do planeta. Este ecossistema vasto e diversificado é vital não apenas para a vida marinha, mas também para a proteção das costas e a economia local, que depende do turismo e da pesca sustentável.

Nos últimos anos, a Grande Barreira de Coral tem enfrentado graves ameaças devido ao aquecimento global, poluição e outras atividades humanas. O branqueamento de corais, causado pelo aumento da temperatura do mar, tem sido um problema particularmente devastador, resultando na perda significativa de corais vivos.

A reprodução de corais em laboratório, como demonstrado pelos cientistas brasileiros, pode ser uma solução eficaz para enfrentar essas ameaças. Corais cultivados artificialmente podem ser transplantados para recifes naturais, ajudando a restaurar áreas danificadas e a garantir a continuidade das espécies de corais.

Tecnologia e conservação: Um futuro promissor

O sucesso dos cientistas brasileiros não apenas destaca a capacidade da ciência nacional de inovar, mas também aponta para a importância da tecnologia na conservação ambiental. A reprodução de corais em laboratório pode ser uma peça crucial na estratégia global para salvar os recifes de corais, proporcionando um meio de superar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e outras pressões ambientais.

Enquanto a comunidade científica celebra este avanço, o trabalho está longe de ser concluído. Os próximos passos incluem aperfeiçoar as técnicas de cultivo, garantir que os corais transplantados possam prosperar em ambientes naturais e expandir os esforços de conservação para outras regiões do mundo.

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