O navegador, empresário, engenheiro e escritor Aleixo Belov, contou ao Guia BTS sobre as suas históricas 5 voltas ao mundo, que renderam grandes histórias e 9 escritos literários com narrativas sobre suas aventuras marítimas. Belov que é natural da Ucrânia e radicado na Bahia, contou que sua inspiração para viajar o mundo em um veleiro surgiu após ler o livro ‘’Expedição Moana’’ de Bernard Gorsky, que narra a história de 5 amigos que se juntaram em um veleiro e mergulharam em todos os oceanos.
‘’Aquilo me inspirou e eu disse a mim mesmo que queria conhecer o mundo e mergulhar em todos os oceanos’’, disse.
A ideia veio de forma tão profunda, que Belov montou o que chama de ‘’plano de vida’’, e traçou diversas metas que precisaria alcançar para conseguir viajar o mundo.
‘’Eu não tinha dinheiro, não sabia construir um barco e nem conhecia as outras línguas. Então fiz um plano de vida onde eu tinha que aprender os idiomas estrangeiros, tinha que me formar em engenharia para aprender a construir um barco já que comprar era muito mais caro, e tinha que aprender a fazer navegação, coisa que naquele tempo era muito mais difícil’’, contou.
A primeira viagem começou a ser planejada em 1965 mas só aconteceu em 1980, 15 anos após Belov começar a seguir à risca o seu plano de vida. O trajeto durou 14 meses, e Aleixo deixou Salvador a bordo do veleiro Três Marias, passando por Natal, Trinidad, Tobago, Aruba, Panamá, Galápagos, Marquesas, Tuamotus, Taiti, Rarotonga, Nova Caledônia, Estreito de Torres, Bali, cape Town, Rio de Janeiro e retornou a Salvador.
Durante o percurso, Aleixo destacou o quão importante foi fazer algumas economias, já que ele havia iniciado a viagem com apenas 10 mil dólares.
‘’Eu tinha 10 mil dólares incompletos e ainda voltei com 2 mil. Eu me hospedava no barco, não costumava frequentar lugares que eram pagos, fazia a minha própria comida. Já cheguei a dormir trancado no barco com medo que alguém viesse à noite me assaltar’’, afirmou.
A segunda volta ao mundo aconteceu entre março de 1986 e dezembro de 1987, com um total de 21 meses de duração viajando até o Oriente, parando em 46 portos e percorrendo 30 milhas. Já a terceira viagem ele aponta como sendo especial, já que resolveu levar os filhos aos lugares que ele mais gostava. Enquanto Belov velejava, os filhos o acompanhavam de avião. Ao todo, a terceira viagem durou 18 meses.
A quarta aventura aconteceu a bordo do veleiro-escola Fraternidade, onde 12 alunos foram selecionados para viajar durante 21 meses (de janeiro de 2010 a outubro de 2011), com outros 26 revezando na embarcação, além do próprio Aleixo. O destino dessa viagem foi até a Austrália, passando pela África, Índia e Indonésia. Já o destino da quinta e última viagem foi o Alasca, como forma de cumprimento de promessa feita por Aleixo ao amigo velejador russo Oleg Belly, pouco antes de seu falecimento. A começou em dezembro de 2016 e durou até agosto de 2018.
Em 2022 após completar 80 anos, Belov embarcou em mais uma viagem: a travessia da Passagem Noroeste, uma das rotas mais difíceis e perigosas que se conhece, do estreito de Bering, entre o Alaska e a Sibéria.
A viagem durou 10 meses e foi feita com o veleiro escolar Fraternidade, com uma tripulação formada por oceanógrafos, fotógrafos, estudantes e engenheiros, que percorreram o total de 20 mil milhas náuticas.
O time foi o primeiro do Brasil a completar a passagem e rendeu histórias para o décimo livro de Belov, intitulado “Passagem Noroeste 2022”, lançado em julho de 2023 no Yacht Clube da Bahia.
Museu do Mar
No dia 1 de dezembro de 2021 foi inaugurado o Museu do Mar Aleixo Belov, localizado no Largo do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. O museu coleciona diversas obras adquiridas por Aleixo durante as 5 viagens, e uma exposição do veleiro Três Marias que faz parte do acervo do museu juntamente com o Veleiro Escola Fraternidade, com 540 metros quadrados de exposição permanente e 110 metros quadrados de exposição temporária.
Além disso, o museu também abriga memórias pessoais e profissionais de Aleixo em cada embarcação, cartas náuticas e aparelhos de navegação utilizados nas viagens, além de uma sala de projeção de filmes, fotos, documentos e um espaço interativo para conhecer mais sobre o mar.
O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 18h com ingresso a R$20. Crianças com até 05 anos e grupos de escolas públicas têm direito à gratuidade. Às quartas-feiras o museu funciona com acesso gratuito para todos.