Valdenice Conceição, natural de Itacaré, na Bahia, entra para a história como a primeira mulher brasileira a competir em uma prova de canoagem nas Olimpíadas. A atleta, que representa não só o Brasil, mas também sua terra natal, traz consigo uma trajetória repleta de superação e determinação. Em uma entrevista ao Guia BTS, Valdenice compartilhou detalhes de sua carreira no esporte, as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho e suas expectativas para a competição em Paris.
Sua caminhada na canoagem começou em 2003, influenciada por seu irmão. Filha de pais pescadores, a atleta viveu uma vida simples e não imaginava que sua dedicação poderia levá-la tão longe.
“Eu comecei em 2003 quando meu irmão começou a conhecer a canoagem e me chamou para praticar também. Não tinha o intuito de ser uma atleta mundial, comecei por diversão e ao longo do tempo fui me destacando na categoria. Sou filha de pescadores, então isso já me dava familiaridade com a água, porque eu sempre ia pescar com meus pais”, contou.
Com o passar do tempo, o que era para ser apenas uma diversão, se transformou em um grande talento. Valdenice se dedicou ao esporte se tornando referência na categoria. Seu maior incentivo para chegar tão longe foi a família, já que a atleta sempre buscou mudar a realidade de vida dos pais.
“Eu vim de família humilde, onde a gente não tinha nada. E de repente eu posso viajar, tenho passaporte, posso dar condições melhores para a minha família, dar condições melhores ao meu filho, é isso que me mantém de pé. Com certeza as dificuldades, a fé que eu tenho no esporte e o amor que me inspiram a continuar”, explicou.
Atualmente a atleta carrega o título importante de ser a primeira mulher brasileira a participar de uma prova de canoagem nas Olimpíadas, e para ela o sentimento é de imensa honra e gratidão.
“Eu me sinto muito feliz, muito honrada, muito grata a Deus por estar comigo sempre nessa trajetória, nessa luta de poder estar representando o Brasil, a Bahia em um evento tão grande como esse. Depois que eu me formei atleta de alta performance, de alto rendimento. Me concedi a campeã brasileira, sul-americana, pan-americana, fui terceira do mundo, ganhei medalha em jogos pan-americanos, jogos sul-americanos e chegar em um feito tão histórico é o que faltava para minha carreira”, afirmou.
Valdenice explicou ainda que já praticava para competir nas Olimpíadas mesmo antes do esporte permitir que mulheres participassem da competição.
“Na época que eu praticava, a canoa não era feminina, não era olímpica, era um pouco triste, mas a fé e o amor que eu sentia pela canoagem não deixou de existir”, disse.
Nos preparativos para seguir rumo a Paris, a atleta tem se mostrado confiante e pretende trazer a medalha para casa. Como primeira mulher a participar da prova, Valdenice reafirma que tem se doado ao máximo para alcançar o objetivo.
“Estou me desdobrando agora como sempre me desdobrei nesses longos anos da minha carreira. Com certeza a gente vai fazer uma primeira apresentação e vamos em busca do melhor resultado que é a medalha olímpica. Como primeira mulher a participar da prova, eu só tenho gratidão por esse feito inédito”, finalizou.