Instalados a aproximadamente 1,2 km da costa, na praia da Ilhota, em Mar Grande, os berçários de corais que estão sendo cultivados pelo Projeto Mares trazem esperança diante do cenário de constante ameaça de extinção desse ecossistema que abriga cerca de 25% das espécies marinhas do planeta. Formados por uma espécie de mesa, confeccionada com tubo PVC e rede de nylon, os berçários são utilizados para o cultivo de fragmentos de coral de fogo, nome popular da Millepora alcicornis, espécie escolhida por sua maior adaptação ao ambiente alvo da regeneração proposta pelo Projeto.
Coordenador científico do Projeto Mares, o biólogo Lucas Lolis explica que 40 mesas berçários estão sendo utilizadas para o cultivo dos fragmentos de coral para que estes se fixem as sementeiras. Produzidas com substratos compostos por esqueletos de organismos bioincrustantes, estas sementeiras servem como base para o desenvolvimento dos fragmentos até que eles atinjam o ponto de formação de novas colônias e serem transplantados para o ambiente recifal. Destas 40 mesas, 32 estão no sítio que forma a fazenda marinha do Projeto, sendo que oito delas estão em seu segundo lote de plantio.
“Em cada uma destas mesas fazemos o cultivo e cuidado de em média 40 colônias. Nossa meta, já batida, é do cultivo de 1600 colônias, destas 370 já foram para o recife e 1230 ainda se encontram nas mesas aguardando atingirem o ponto certo para serem levadas ao ambiente recifal”, ressalta Lolis. Entretanto, o biólogo destaca que o número de colônias cultivadas no berçário foi maior: 1.664 no total. Sendo que 64 delas morreram em função do branqueamento que atingiu cerca de 50% dos fragmentos instalados nos berçários e outras ações como, por exemplo, a movimentação das ondas.
“Apesar das intempéries registradas durante o nosso cultivo, observamos que a maioria das nossas colônias se recuperaram, tendo sido registrado apenas 4% de mortalidade, um número muito baixo e, provavelmente bem menor do que no recife, onde apenas cerca de metade dos fragmentos se fixam e geram novas colônias enquanto o resto é soterrado ou acaba morrendo”, destaca Lolis. Segundo o biólogo, até o final do projeto, que acontece em dezembro deste ano, a equipe seguirá executando o monitoramento dos recifes que irão receber colônias. “Precisamos conhecer as características das comunidades biológicas antes de realizar a transferência e após o plantio das colônias do coral de fogo”, afirma Lolis.
“Neste ciclo, o trabalho tem sido realizado com muito empenho de todos os envolvidos, numa tarefa de esforço diário de mergulho e, também, de pesquisa para o desenvolvimento das melhores técnicas e procedimentos de cultivo. E, o mais importante, o Projeto vem sendo realizado com muito apoio vindo de parceiros da academia, da iniciativa privada e, principalmente, da população da ilha. Podemos afirmar que encontramos realmente um propósito em comum”, finaliza Lucas Lolis, ressaltando que mais recentemente o trabalho passou a contar, também, com a parceria da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Fotos: ONG Pró Mar