No dia 21 de setembro, durante uma operação de mergulho turístico realizada pela Bahia Scuba, Tuca Galvão, que é instrutor de mergulho e profissional que conduz regularmente turistas e moradores para a prática de mergulho recreativo na BTS, se deparou com uma cena alarmante nas proximidades do naufrágio do Blackadder, um famoso veleiro clipper de três mastros que afundou em 1906 na Baía de Todos-os-Santos. Galvão, que liderava o grupo de turistas, presenciou uma quantidade significativa de peixes mortos, atribuída à prática ilegal de pesca com explosivos, conhecida como pesca com bomba.
“A princípio, achei que fosse algo pontual, mas, ao nos aproximarmos do naufrágio, a quantidade de peixes mortos aumentava, de diversas espécies. Foi uma mortandade generalizada e localizada no interior do naufrágio”, relata o mergulhador. Segundo ele, a explosão parece ter ocorrido dentro da estrutura do Blackadder, um local que vem sendo considerado para se tornar uma área de proteção ambiental.
O naufrágio do Blackadder, localizado próximo à Boa Viagem, é um importante ponto de mergulho na região, conhecido pela abundância de vida marinha, incluindo corais, esponjas e até cavalos-marinhos. A destruição provocada pela explosão ameaça a biodiversidade e coloca em risco a segurança de mergulhadores e banhistas. “Além de comprometer toda a vida marinha, essa ação criminosa pode ferir alguém que esteja nadando ou mergulhando nas proximidades. O impacto de uma detonação pode ser sentido a metros ou até quilômetros de distância”, alerta Galvão.
A prática de pesca com bomba, embora ilegal, tem sido uma realidade recorrente em algumas áreas da Baía de Todos-os-Santos, como Cantagalo, Ribeira e Boa Viagem, segundo o mergulhador. Ele lamenta a situação e reforça a necessidade de medidas mais efetivas por parte das autoridades competentes. “É inadmissível que isso continue acontecendo. Espero que órgãos como a polícia, as secretarias de meio ambiente e a prefeitura se unam para reforçar o combate a este tipo de crime. Temos que reconhecer que ações de combate existem mas ainda não são 100% efetivas , estamos falando de uma das maiores baías das Américas”, afirma.
O impacto negativo também afeta o turismo na região. Tuca expressa sua indignação ao lembrar que, no dia do mergulho, havia dois turistas suíços no grupo. “Como explicar para eles que essa destruição é resultado de uma ação criminosa? É revoltante”, desabafa o empresário que atua no ramo de mergulho na Bahia há mais de 30 anos.