Em uma descoberta que expõe a fragilidade da preservação ambiental na Baía de Todos-os-Santos, o mergulhador e biólogo Robson Oliveira resgatou um exemplar do peixe Mero, um gigante dos mares em risco de extinção, capturado em uma armadilha ilegal dentro da área do Parque Marinho da Barra, em Salvador. Segundo Oliveira, o parque existe apenas “no papel”, devido à falta de fiscalização e controle da pesca predatória. Esse resgate do Mero, que pode atingir até 455 quilos e é um predador de topo nas águas brasileiras, reacendeu o debate sobre a importância da preservação dos ecossistemas marinhos e da regulamentação efetiva nas áreas protegidas.
“Os meros são considerados ‘vulneráveis’ na lista de espécies ameaçadas de extinção, e sua população sofre com a degradação do habitat e a sobrepesca,” explica Oliveira. Esses animais são essenciais para o equilíbrio ecológico, atuando como predadores que regulam a cadeia alimentar ao controlar populações de outros peixes e invertebrados, como crustáceos e cefalópodes. A ausência de meros pode levar a desequilíbrios graves nos recifes, resultando em mudanças ecológicas que afetam toda a teia trófica.
Além do incidente com o Mero, Oliveira também relatou outra situação preocupante: a coleta ilegal de uma anêmona rara na região do Porto da Barra. “Há mais de 12 anos não víamos essa espécie de anêmona por aqui. Ela é rara e, assim como o Mero, está em risco devido à captura indiscriminada,” revelou Oliveira em suas redes sociais, onde também fez um apelo para que medidas de proteção mais rigorosas sejam implementadas na área.
A degradação ambiental no Parque Marinho da Barra, de acordo com Oliveira, é amplamente causada pela falta de ações efetivas de fiscalização. O parque, embora destinado à conservação da vida marinha, não conta com monitoramento regular, o que permite a instalação de armadilhas de pesca e a captura de espécies ameaçadas. A legislação brasileira, por meio da Portaria N° 13/2015 do Ministério da Pesca e do Meio Ambiente, proíbe a captura e comercialização do Mero, com punições que incluem multas e até detenção. Contudo, sem fiscalização adequada, essas medidas acabam sendo ineficazes na proteção das espécies.
Robson ainda defende que, para que o Parque Marinho da Barra seja efetivamente uma área de preservação, é essencial o engajamento de órgãos ambientais, além de iniciativas de conscientização junto às comunidades pesqueiras e locais.
Projetos como o Meros do Brasil, que visa a conservação desse peixe em todo o território nacional, e iniciativas locais de educação ambiental têm sido fundamentais para a conscientização da população. “Conhecer para conservar” é a abordagem sugerida por especialistas para que, através da educação, a sociedade entenda a importância desses animais para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e se engaje na sua proteção.
Fotos: Divulgação Submerso SupDive