O Brasil se tornou o primeiro país do mundo a incorporar oficialmente a educação oceânica no currículo escolar. O compromisso foi firmado durante o Fórum Internacional Currículo Azul, realizado em Brasília, com a assinatura de um Protocolo de Intenções que contou com a presença de representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A proposta, chamada de Currículo Azul, será implementada em escolas de todo o território nacional, com adaptações às realidades regionais e locais. A iniciativa visa promover uma compreensão abrangente do oceano como regulador climático, fonte de vida e eixo estratégico para o desenvolvimento sustentável.
Para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o Currículo Azul representa um avanço estratégico para o país. “É a consolidação de um processo coletivo e comprometido com o futuro. O Brasil demonstra soberania e visão ao reconhecer o papel do oceano no enfrentamento dos desafios do século 21”, afirmou.
A ação está alinhada à Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) e atende à recomendação da Unesco para que os países-membros incorporem a cultura oceânica na educação básica até este ano.
Durante o evento, foram debatidos temas como segurança alimentar, economia azul, diversidade de saberes e formação de cidadãos conscientes e atuantes. Para Ronaldo Christofoletti, copresidente do grupo de especialistas em Cultura Oceânica da Unesco, o currículo nasce da escuta ativa da sociedade brasileira. “É a materialização de um desejo coletivo de formar cidadãos conectados com o mar e com a resiliência climática”, disse.
A iniciativa também amplia ações já em curso, como o programa Escola Azul, que mobiliza mais de 100 mil estudantes em todas as regiões do país. Entre outras ações, estão a formação de jovens embaixadores do oceano, a criação de clubes de ciência e a expansão internacional da Olimpíada do Oceano.
A cidade de Santos (SP) foi o marco inicial do movimento no Brasil, ao aprovar, em 2021, uma lei que estabelece a cultura oceânica como política pública obrigatória nas escolas municipais. Em reconhecimento, a Unesco escolheu o município como sede de um evento internacional sobre o tema.
Atualmente, além de Santos, 20 municípios e quatro estados brasileiros já incorporaram oficialmente a educação oceânica aos seus currículos escolares, consolidando o Brasil como referência global na área.
Foto: Projeto Baleia Jubarte