Encarar os mistérios do mar e velejar pelo oceano é uma tarefa que exige paixão e coragem. Foi com esse pensamento que Táta Mott e Dani Antonniazi fundaram o projeto ‘’Meninas da Vela’’, com o objetivo de ensinar e incentivar mulheres a velejar. Em entrevista ao Guia BTS, Táta falou sobre a importância de inserir mulheres nesse esporte, já que a categoria é composta em sua grande maioria por homens.
‘’Eu entrei na vela através do meu namorado na época, e isso é muito comum. A mulher costuma ter o contato com a vela como algo relacionado ao lazer, à passeio, mas não aprendem de fato a velejar e ficam apenas como acompanhantes de seus parceiros’’, disse.
Além de atleta, Táta também é empresária e palestrante, e chegou em Salvador ainda criança. Durante sua trajetória no esporte, ela participou de diversas regatas e campeonatos, e já coleciona inúmeros títulos.
‘’Eu sempre gostei de esporte e tenho um espírito competitivo, então logo me encantei pela vela. Esse é um dos poucos esportes que não tem classificação etária nem de gênero. É uma competição de igual pra igual’’, contou.
O Meninas da Vela nasceu após Táta e sua sócia perceberem o quanto as mulheres faziam falta neste esporte. Na época, ambas participavam de veleiros em que a tripulação era mista, mas sempre composta pela maioria masculina. O projeto surgiu durante a pandemia da Covid-19, que foi a brecha que as atletas precisaram para atrair mulheres para o mar.
‘’Lançamos o projeto na pandemia por uma questão de momento, e desde então fazemos muitas ações. O número de meninas tem crescido e hoje já conseguimos ter uma tripulação exclusivamente feminina. Vemos a manifestação de outras mulheres admirando o esporte e dizendo que queriam velejar como nós, e sempre afirmamos que elas podem velejar’’, afirmou Táta.
A atleta abre um destaque para a habilidade feminina voltada ao velejo, já que é necessário ter um olhar sensível para observar os sinais da natureza.
‘’Quando velejamos estamos em interação com a natureza. Essa força faz com que a gente se desloque, então precisamos estar atentas e em sintonia com ela, e na maioria das vezes essa é uma questão feminina. Temos mais sensibilidade. O velejador masculino não tem tanta sensibilidade a certos movimentos do barco, a feminina tem uma percepção maior’’, explicou.
O projeto também trabalha com imersões e vivências em alto mar, onde é possível fazer visitas e passar dias em um veleiro para viver a experiência completa no oceano. Táta afirmou ainda que a vivência faz com que as pessoas experimentem momentos espetaculares e que, em sua grande maioria, nunca tiveram a chance de viver.
‘’Fazemos vivências e imersões, onde as pessoas podem ficar de 2 a 3 dias acordando em um veleiro e vivendo essa experiência de dormir e acordar em alto mar. Isso revela muito o lado humano das pessoas e faz com que elas tenham reações espetaculares, elas se encantam com uma experiência que nunca tiveram antes’’, pontuou.