80% dos corais da maior área de conservação marinha do Brasil morreram em seis meses

Nos últimos seis meses, aproximadamente 80% dos corais localizados entre os litorais de Pernambuco e Alagoas morreram. A informação foi divulgada pelo Projeto Conservação Recifal, uma organização não governamental (ONG) que monitora a região há dez anos. A morte dos corais é atribuída ao processo de branqueamento, provocado pelo aquecimento dos oceanos.

Os registros ocorreram na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, que se estende de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, até Paripueira, na Grande Maceió. Esta é a maior unidade de conservação marinha do Brasil, conforme informado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O coordenador do Projeto Recifal, Pedro Pereira, doutor em biologia de corais pela Universidade James Cook, na Austrália, indicou que em alguns locais a perda de corais chega a 90%. O fenômeno é tema do minidocumentário “Morte e Vida Submarina”, lançado pela ONG na semana passada.

Pereira destacou que o branqueamento dos corais está relacionado ao aumento da temperatura dos oceanos, resultado das mudanças climáticas. Ele explicou que as microalgas chamadas zooxantelas, que vivem em simbiose com os corais, são sensíveis às variações de temperatura, e quando o coral enfrenta estresse, essas algas se afastam, causando o branqueamento.

“O coral é uma simbiose. Quando o coral está fraco, essas algas acabam fugindo e ele branqueia. Então, o coral branco é um coral doente”, afirmou Pereira.

A comunidade científica alerta que 2024 pode ser o ano mais quente da história. Pereira afirmou: “O que a gente viu foi algo sem precedentes, uma mortalidade de corais de praticamente 90%.”

Múcio Banja, professor de oceanografia da Universidade de Pernambuco (UPE), esclareceu que nem todo coral branco está morto. Ele explicou que a parte “rochosa” do coral, composta de carbonato de cálcio, pode ainda estar intacta, mas a baixa oxigenação resultante do branqueamento torna os corais vulneráveis. “Se morrerem todos, aquele carbonato fica ali e vai se desgastando. Às vezes, uma pequena parte sobrevive”, afirmou Banja.

Ele também observou que, em praias como Porto de Galinhas e Paiva, o processo de branqueamento tem sido intenso, mas que na Praia do Paiva alguns corais estão se recuperando lentamente.

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