Mergulhador desaparece na Baía de Todos-os-Santos: falhas e lições

O desaparecimento do mergulhador profissional Williams da Silva Teixeira, de 54 anos, na Baía de Todos-os-Santos, trouxe à tona as condições de segurança em atividades subaquáticas no Brasil. Com 40 anos de experiência, Williams realizava um trabalho de sondagem em profundidades que exigem equipamentos e procedimentos específicos. Segundo apuração do Jornal Correio, ele teria descido a aproximadamente 40 metros de profundidade com cilindro único, sem os aparatos necessários para um mergulho descompressivo.

O médico hiperbarista Dr. Claudio Bacelar explicou os riscos associados a mergulhos em grandes profundidades: “A cada 10 metros no mar, o corpo é submetido a uma atmosfera a mais de pressão. Isso pode provocar problemas como hipotermia, rompimento de membranas e embolias. Além disso, a permanência prolongada nessas condições aumenta o acúmulo de nitrogênio no organismo, o que pode ser fatal.”

Testemunhas relataram que a correnteza estava forte no momento do trabalho e que o mergulho teria ocorrido sob pressão do contratante. A família de Williams confirmou que ele não comunicou sobre a tarefa. Laís Teixeira, filha do mergulhador, contou que ele aceitou o trabalho para pagar seu curso de enfermagem.

“Mergulho não permite erro”, diz especialista

Em entrevista exclusiva ao Guia BTS, o mergulhador e biólogo Robson Oliveira destacou que o caso de Williams pode ter sido resultado de uma série de falhas. “Mergulho em profundidade requer planejamento. Ele precisava de mais cilindros e de uma mistura de gás adequada para descompressão. Sem isso, o risco é muito alto. Outro ponto crítico é que ele estava sozinho, e o trabalho deveria ser feito com em dupla para maior segurança.”

Robson apontou que erros comuns ocorrem, especialmente entre profissionais experientes. “A experiência, às vezes, faz a gente subestimar os riscos. Mas mergulho não permite erro. É fatal. Acredito que houve falhas tanto do mergulhador quanto do encarregado que autorizou o mergulho nas condições erradas.”

Além disso, ele ressaltou a necessidade de fiscalização mais rigorosa por parte da Marinha e das empresas responsáveis. Ele também abordou as diferentes modalidades de mergulho, explicando que o mergulho profissional, como o realizado por Williams, exige equipamentos como capacetes especializados e cilindros reservas. “Para mergulhar profissionalmente, o mergulhador precisa utilizar um cilindro reserva e um capacete chamado KMB, onde ele faz trabalho de corte, solda, inspeção, entre outras coisas. Esses equipamentos são essenciais para manter o cuidado do profissional em profundidades muito grandes”, detalhou.

A tragédia levantou questionamentos entre mergulhadores sobre os padrões de segurança seguidos por empresas e profissionais. Para Robson, o caso serve como alerta: “Precisamos redobrar nossa margem de segurança. Todo mergulho deve ser tratado como uma operação de alto risco, e as empresas precisam garantir melhores condições aos trabalhadores.”

Enquanto as investigações continuam, a Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, responsável pela obra, informou que criou uma Comissão de Análise do Evento e está colaborando com o consórcio envolvido. A família de Williams aguarda respostas e cobra providências para que tragédias como essa não se repitam.

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