A Baía de Todos-os-Santos deu mais um passo decisivo rumo à consolidação de uma governança colaborativa, com foco em justiça ambiental, economia do mar e protagonismo comunitário. No centro desse avanço está a Série Diálogos Ecossistêmicos, promovida pela AMMAR (Associação de Mulheres do Mar), que realizou seu nono episódio no Auditório Makota Valdina, sede da Secretaria Municipal de Cultura de Salvador.
O encontro multissetorial marcou o lançamento oficial do PAPA — Programa de Ação de Proteção Anual da Baía de Todos-os-Santos, documento construído a partir das escutas dos episódios anteriores da série e que propõe soluções concretas para desafios históricos da região, como a poluição marinha, a pesca predatória, o turismo desordenado e os efeitos das mudanças climáticas.
Inteligência coletiva para transformar a BTS
Coordenado por Jacqueline Moreno e Adriana Muniz, da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável da AMMAR, o evento reuniu representantes da Secretaria do Mar da Bahia (SEMAR), da Secretaria de Sustentabilidade (SECIS), da academia, do setor privado, da imprensa e de organizações civis. Em nome da SEMAR, Duda Lomanto destacou a urgência de políticas costeiras integradas e parabenizou a AMMAR por liderar um espaço de escuta e articulação que inspira outros territórios da chamada Amazônia Azul.
Entre os destaques, esteve a apresentação dos avanços do projeto do Parque Marinho da Barra, por João Reisch(SECIS), incluindo a aquisição de uma embarcação própria para fiscalização ambiental e parcerias com coletivos voluntários, como o Fundo da Folia — responsável pela solicitação oficial de criação do parque e ações constantes de mergulho e limpeza dos fundos marinhos.
Um manifesto para ações concretas
O Manifesto do PAPA propõe uma série de ações estratégicas, como:
- Ampliação da educação ecossistêmica em escolas e comunidades;
- Fortalecimento de cooperativas de coleta seletiva e economia circular;
- Eliminação de plásticos descartáveis em áreas sensíveis;
- Uso de tecnologias para fiscalização ambiental;
- Criação de um fundo sustentável, abastecido por parcerias e multas ambientais;
- Participação cidadã ativa em conselhos gestores.
O documento também propõe que eventos de grande porte, como o Carnaval, assumam corresponsabilidade sobre os impactos ambientais que geram.
Governança regenerativa e marcas aliadas
Durante o encontro, foi apresentado o movimento ECOesão, que simboliza uma nova lógica de governança baseada em escuta ativa, justiça intergeracional e inteligência coletiva. A gerente de ASG do Village Itaparica, Adriana Muniz, reforçou o compromisso do empreendimento com a sustentabilidade real: “Eliminamos o uso de plásticos descartáveis em todas as operações. Copos, canudos, talheres e embalagens foram substituídos por alternativas biodegradáveis ou reutilizáveis.”
A iniciativa também recebeu o apoio da Wilson Sons, representada por Adriana Medeiros, que exaltou o poder de articulação em rede dos Diálogos Ecossistêmicos. “A Baía de Todos-os-Santos é um ativo estratégico do país. É urgente integrarmos esforços para sua preservação com desenvolvimento justo e consciente.”
Rumo a um marco oficial
Para a vice-presidente da AMMAR, Marione Macário, o episódio consolidou conquistas e apontou caminhos futuros: “O Parque Marinho da Barra começa a ganhar corpo institucional. Agora é hora de visibilizar tudo o que já foi construído, com um episódio dedicado exclusivamente à consolidação desse projeto.”
A presidente Agatha Wicks e a diretora de comunicação Dávila Kess reforçaram que a continuidade dos diálogos só é possível graças à dedicação incansável das líderes Jacqueline Moreno e Adriana Muniz, definindo-as como “a força-motriz por trás da ação mais sólida e estratégica da AMMAR até hoje”.
Convite aberto ao futuro
Ao final, Jacqueline deixou um chamado:
“Governar a Baía é governar nosso futuro comum. Convidamos empresas, instituições e cidadãos a se tornarem Marcas Amigas do Mar. Está na hora de tirar os ODS do papel e cuidar da nossa OceaNÓS.”