Peixe-leão é capturado pela primeira vez em Morro de São Paulo

O primeiro registro da presença do peixe-leão em Morro de São Paulo, no baixo sul da Bahia, acendeu um alerta entre pesquisadores e autoridades ambientais. A espécie, que é originária do Indo-Pacífico, não possui predadores naturais no litoral brasileiro e pode representar uma ameaça ao equilíbrio ecológico e à pesca local.

O avistamento inicial foi feito por um mergulhador, morador local e profissional do turismo na região. Ele registrou o animal com sua câmera e alertou as autoridades. “Foi deslocada uma equipe da Secretaria do Meio Ambiente, junto com mergulhadores, para fazer uma varredura. Depois de vários mergulhos e rastreamentos, conseguiram capturar um exemplar”, explicou José Rodrigues, professor e pesquisador., em entrevista ao Guia BTS.

O peixe foi encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) na sexta-feira (14), onde será analisado em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). O objetivo é entender sua rota migratória e sua relação com outros peixes-leões já registrados no Brasil. “Os estudos genéticos vão nos dizer se ele é mais próximo dos que chegaram a Fernando de Noronha e foram descendo pelo litoral”, detalhou Rodrigues.

Expansão e impacto ambiental

O peixe-leão tem se espalhado pela costa brasileira nos últimos anos, sendo registrado em Fernando de Noronha, Alagoas e agora no baixo sul da Bahia. “A tendência é que continue se deslocando para o sul, podendo chegar a Ilhéus e até ao Banco de Abrolhos”, alertou o pesquisador.

Sem predadores naturais no Brasil, a espécie se adapta facilmente ao ambiente e se alimenta de grandes quantidades de peixes menores, prejudicando a biodiversidade local. “Ele se reproduz muito rápido e pode afetar diretamente a pesca, reduzindo a população de peixes nativos”, ressaltou Rodrigues. Além disso, a presença do peixe-leão também representa um risco para banhistas e mergulhadores, pois seus espinhos são venenosos e podem causar fortes dores e complicações de saúde.

De acordo com especialistas, a captura do peixe-leão é a principal estratégia para conter sua proliferação. “Todo peixe-leão deve ser capturado e eliminado de forma segura. Ele pode ser consumido, mas é essencial que a população tenha cuidado ao manuseá-lo, pois seus espinhos são venenosos”, explicou Rodrigues.

Há esperança de que predadores locais, como tubarões, moreias e garoupas, possam aprender a caçar o peixe-leão, mas esse processo é improvável. “Se esses animais passarem a predar o peixe-leão, isso ajudaria no controle populacional. Mas é algo que aconteceria naturalmente e ao longo de muito tempo”, ponderou o pesquisador.

O avanço do peixe-leão no litoral brasileiro reforça a necessidade de monitoramento constante e ações de contenção para minimizar seus impactos sobre o ecossistema marinho e a economia pesqueira.

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