O turismo de base comunitária vem ganhando força como uma alternativa sustentável e inclusiva, proporcionando experiências autênticas aos visitantes e promovendo o desenvolvimento econômico local. Em entrevista ao Guia BTS, William Freitas, fundador do Projeto Baleias Soteropolitanas do Instituto Rede Mar contou sobre as nuances dessa modalidade turística e como ela está sendo aplicada na observação de baleias na Bahia.
William explica que o turismo de base comunitária é uma forma de turismo onde a própria comunidade tradicional organiza e oferece serviços aos visitantes.
“Nós do Redemar Brasil organizamos, como amostragem, o barco de um pescador como nosso ponto focal na colônia de forma experimental. Inovamos ao incluir os pescadores, que são os que realmente sabem os pontos quentes para avistar baleias e que têm as primeiras informações sobre a presença delas em nossa costa”, detalhou.
Para ele, a importância do turismo comunitário está em sua capacidade de consorciar a pesca artesanal com a economia do turismo, divulgando a importância dos oceanos e promovendo uma fonte de renda alternativa.
“Essa tendência cada vez mais procurada valoriza a experiência e vivência com as comunidades locais, preservando suas raízes, culturas e costumes, e gerando emprego e renda para a comunidade”, afirma.
William destaca ainda o potencial turístico de bairros tradicionais como Itapuã, famoso pela música “Tarde em Itapuã” de Vinicius de Moraes e Toquinho.
“A iniciativa pode transformar uma tarde em Itapuã em um dia inteiro, criando um indutor turístico para Salvador”, projeta.
Freitas também detalhou como a observação de baleias, que está em alta na Bahia, pode ser integrada ao turismo comunitário.
“Os pescadores já possuem as embarcações, que precisam seguir as normas da Marinha do Brasil, e devem ser qualificados conforme as normativas do IBAMA. Eles aplicarão seus conhecimentos de anos navegando nas águas de Itapuã ao safari de baleias, agregando uma nova fonte de renda às suas atividades diárias”, explica.
Projeto Baleias Soteropolitanas: Do Sonho à Realidade
O Projeto Baleias Soteropolitanas (PBS) nasceu a partir do Festival das Baleias, iniciado em 2014. Desde então, William tem investigado a presença de baleias na costa da Bahia. Em 2020, foi realizado o 1º Fórum de Turismo de Avistamento de Baleia Embarcado de Salvador, e a partir disso o projeto começou a mapear os locais onde as baleias aparecem com mais frequência.
O projeto, que ainda está em fase de afinação, tem seguido etapas importantes, como conscientização e qualificação das comunidades envolvidas.
“Estamos agora na fase de inclusão de um turismólogo para a consolidação definitiva do projeto”, finaliza William.
Com a implementação do Projeto Baleias Soteropolitanas, a Bahia não só preserva sua rica biodiversidade marinha, como também fortalece suas comunidades tradicionais. O turismo de base comunitária surge como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento sustentável, promovendo a inclusão social e econômica, e oferecendo aos turistas uma experiência autêntica e inesquecível.