Uma força-tarefa foi iniciada na última semana para conter a expansão do coral invasor Chromonephthea braziliensis nos recifes da Baía de Todos-os-Santos (BTS). A operação, que vai até esta terça-feira (20), reúne mergulhadores, pesquisadores, técnicos ambientais e instituições públicas e privadas. O objetivo é erradicar a espécie que ameaça ecossistemas marinhos ao competir com corais nativos e liberar substâncias que causam necrose em outros organismos.
Coordenada pela ONG Pró-Mar, com apoio da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema), do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e universidades, a ação teve como base um mapeamento realizado entre janeiro e fevereiro deste ano. A primeira etapa acontece na região da marina de Itaparica, onde se concentra parte significativa da infestação.
“O crescimento da espécie é alarmante. Se não for contida agora, pode alterar completamente a estrutura ecológica dos recifes”, alerta Tiago Porto, diretor de Política e Planejamento Ambiental da Sema. A técnica utilizada inclui a remoção manual das colônias e a limpeza do substrato com escovas de aço. Em áreas de difícil acesso, os mergulhadores aplicam uma solução de sal ácido para eliminar a espécie por completo.
Essa é a primeira operação em larga escala no Brasil para erradicar o coral invasor e pode se tornar modelo para outras regiões costeiras. “Nosso plano inclui não só o controle do coral, mas também a elaboração de um Plano de Ação para a conservação dos recifes de corais na Bahia”, afirmou Zé Pescador, fundador da ONG Pró-Mar.
A ação também envolve a comunidade local. Pescadores e moradores estão participando de oficinas e capacitações para auxiliar na identificação e monitoramento da espécie. “Esses corais atrapalham tudo. Tomam conta dos recifes e os peixes somem. Isso mexe com nossa renda e com a vida de quem vive do mar”, relata Fernando Mascarenhas, pescador há mais de 40 anos em Itaparica.
Ameaça à biodiversidade
A Baía de Todos-os-Santos é um dos ambientes recifais mais ricos do Atlântico Sul, fundamentais para a pesca artesanal e a proteção da costa baiana. As primeiras denúncias sobre o coral invasor surgiram há cerca de um ano, feitas por pescadores locais. Desde então, pesquisadores realizaram seis expedições para mapear a infestação e definir as áreas prioritárias para intervenção.
Após essa etapa, novas campanhas de monitoramento serão realizadas para evitar a recolonização do coral. O esforço conta com apoio da Marinha do Brasil, Capitania dos Portos, ICMBio, Ibama, UFBA, USP, UFAL, UFRPE e Senai/Cimatec.