O litoral baiano tem sido palco de um aumento incomum na presença de caravelas-portuguesas, organismos marinhos conhecidos por sua aparência azulada e capacidade de causar irritações severas na pele. Banhistas que frequentam as praias de Salvador têm testemunhado a chegada desses animais em grandes números, o que tem causado preocupação.
Cecília Alves, professora e praticante de surfe, relata ter sido vítima de queimaduras dolorosas durante uma competição recente. “Fiquei assustada ao me deparar com mais de três caravelas ao mesmo tempo. A dor foi intensa, como se estivesse recebendo um choque”, descreve.
Diferentemente das caravelas comuns, as caravelas-portuguesas possuem tentáculos que podem infligir dor intensa, irritação e até queimaduras graves na pele.
A situação tem sido monitorada de perto pela SalvaMar, que adotou medidas preventivas, como a sinalização com bandeiras roxas em praias onde há um alto número desses animais marinhos. Kailane Dantas, coordenadora da SalvaMar, explica que as caravelas-portuguesas são levadas pelas correntes marinhas e ventos, sem capacidade de nadar por conta própria.
O aumento na temperatura dos oceanos é apontado por pesquisadores como o principal fator por trás da chegada em massa desses animais às praias. Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia da UFBA, ressalta que a mudança climática tem afetado a fisiologia reprodutiva das caravelas, levando a um aumento significativo em sua população nas águas costeiras.
Para aqueles que sofrem queimaduras devido ao contato com as caravelas-portuguesas, o Ministério da Saúde recomenda lavar a área afetada com água salgada e evitar o uso de água doce, além de aplicar vinagre branco para neutralizar o veneno dos tentáculos.
Com a temporada de praias a todo vapor, os banhistas são aconselhados a estar atentos às condições locais e seguir as orientações de segurança para evitar incidentes relacionados às caravelas-portuguesas.